Mais de um mês após o falecimento de Otelo, e ao findar do dia em que teria sido o seu 85º aniversário, é este o meu pessoal tributo em forma de texto poético
Navega agora, grande exaltado
Por essas terras do conhecimento
Onde o estádio está consolidado
Enquanto a bandeira voa no vento
A Nação não é aquilo que era outrora,
Tampouco é aquilo que seria expectante.
Seria aquela a gloriosa hora
Para romper com o grito latejante?
O mundo continua a rolar
E a transformação é perpétua.
Soprai A Portuguesa ao ar
E esperai a intelectual troca mútua.
Tragam as ganas e as bandeiras,
O grande comandante está morto.
Ressuscitará pois no enorme porto
E as ondas serão sentidas nas Beiras.
Houve uma visão milenar
Que trovejou no céu nocturno
E a bomba do canhão refreou o ar
E fez tremer os anéis de Saturno.
O som da liberdade contaminou tudo
E melodiou a voz inflamada do povo.
Povo que jamais se fará de mudo
E que viu tudo eclodir do revolucionário ovo.
Tragam-me para casa, meus irmãos
Vem aí a gélida chuva e o cataclismo.
Perante a Estrela Vermelha levantai mãos
Jamais cairemos no totalitário abismo.
Tragam as ganas e as bandeiras
O grande comandante irá ressuscitar.
No posto revolucionário há cadeiras
Que irão para sempre prosperar.
Onde está a voz tonitruante?
Onde está a destruição do Fascismo?
Onde está a eterna estrela flamejante
E onde está o renascimento do Socialismo?
Venha a falsa realeza clamar
Por uma coroa de pó saturada.
Venham os saudosistas do Reino reclamar
Porque não há nenhuma cabeça coroada.
Ah! A Mátria não será coroada
A Nação é uma livre República
Por Otelo também foi libertada
Em salvação da segurança pública.
Disparai tudo o que for preciso,
A República é férrea e grave
Num Estado antigo e indeciso
Que combate a quimera alarve.
Tragam as ganas e as bandeiras
O grande comandante está vivo
As suas vontades foram verdadeiras
É por causa do seu legado que sobrevivo.
Navega sempre, filho de Prometeu
A História ainda não acabou
Nada de ti de facto morreu
A Revolução ainda não soçobrou.
Tragam as ganas e as bandeiras
Levantemo-nos de novo sem demora
Tragam as ganas e as bandeiras
Olhai a Estrela Vermelha... é a hora.
Escrito entre 27 e 31 de Agosto, 2021
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