Lanço este poema na comemoração do seu segundo aniversário. Escrito por mim, em Portalegre, num tempo já distante onde era outro quando o escrevi. Quanto a mim, permanece das coisas mais significativas que escrevi até hoje.
Os
olhos são fechados
Os
sentidos são redobrados
Em
mim as Trevas pairam
Cheiramos,
saboreamos, ouvimos e sentimos
Actuamos
em base dos iluminismos
E
de mim minhas memórias abalam
Escuridão
é o autêntico dos Mundos,
Sem
Sol para nos iluminar,
Sem
artificialidade para nos contemplar
E
sem orientação para nossos comandos.
A
Luz é a revelação
Que
embora tudo esteja no oculto,
Nossos
ídolos, eles virão
E
formarão nosso íntimo culto.
Não
tenho medo do escuro.
Minha
sanidade tem um furo.
Aprecio
a honestidade nas pessoas.
Com
luz, com os pássaros, voo!
Se
as Trevas fossem separadas da Luz
A
brutalidade da sociedade revelar-se-ia.
Eles
bem que até se podem esconder com um capuz
Mas
nunca poderão ocultar sua esquizofrenia.
Portanto,
Grandes Líderes, hora de acordar
Enxerguem
a multidão em luta
Porque
quando este dia chegar
Não
poderão ser salvos da força bruta!
A
Escuridão descenderá sobre a Terra
E
só os redimidos se iluminarão!
Purificada
será esta terra
Que,
por enquanto, nós pisamos em vão!
A
memória é a força
Da
nossa acção!
Temos
de libertar-nos da Escuridão.
Tempo
galopa como uma corça.
Mas
eu fico imerso
Neste
submundo diverso.
Uns
já sentiram a Escuridão,
Outros
jamais a sentirão.
Porque
pensar significa sofrer
E
quem me dera não saber,
Que
cinzenta é a dimensão,
Mas
eu sinto-me na Escuridão!
E
desde que escrevi
Esta
última linha
A
esperança já não é minha,
Já
faz parte a outro tempo que vivi.
A
realidade de antes
Não
é mais o agora.
Olho
para muitos amantes
E
não vejo a minha hora.
Foi
um golpe muito violento
Perdi
o equilíbrio e caí
Esta
é a mudança que trás vento
Não
foi o Vento da Mudança que eu senti
Porque
nas Trevas não há vento
E
eu já não aguento
E
peço que ninguém me minta
Mas,
creio, a verdade não foi dita
E
assim permaneço na Escuridão
Vítima
da minha própria opressão
E
embora haja quem diz "Não"
Será
o verdadeiro "eu" que terão!
E
estou eu errante
Neste
túnel deixando-me horrível.
Vejo
o rio passar, incessante!
Descobri
que a vida é irreversível
Aquilo
que hoje é feito
É
irreversível e nunca será desfeito
E
se falhas naquilo que adoravas
Caminharás
para o fecho de Trevas
O
Fugitivo foi agarrado por ele!
Ele,
o Senhor das Trevas, com seus olhos vermelhos
E
é nesta ausência de luz, O Invencível!
Que
apareça o revolucionário e dê Luz
E
que a incida sobre estes mortos espelhos,
E
ninguém precisa de Jesus!
Vem
acima minha loucura
Numa
tristeza sem cura,
Graças
às circunstâncias - Escura!
No
coração há uma faca que perfura!
No
horizonte o Sol descende
Lá
no alto a Lua colapsa
E
só vemos o Lado Negro - Uma força!
Espero,
revitalizo, mas a aurora não ascende
No
obscuro silêncio há um grito
Esse
grito é o silêncio.
O
amor está hirto
Mas eu ainda te reverencio.
Há
memórias que são desvanecidas
Há
mortos que fazem disso vidas
Há
apocalipse nas metrópoles
Sangue
puro corre nas mãos deles
E
ainda há literatura feliz
Numas
vidas artificiais
Em
que vós ignorantes viveis!
Sofrer
platónico - Não quero mais
As
sombras alastram-se na imensidão!
O
Tempo pára para os seres
E
estes espectros se adensam
Sem
felicidades para veres
Caminhar
na penumbra
Sem
protecção que me cubra.
Meus
amigos são o escudo
E
eu de direcção mudo,
Mas
não estou mudo
"Vocês,
para longe da linha de fogo
No
desconhecido muito há em jogo"
A
Escuridão é indefinível,
Uma
leitura não legível
Uma
carta ao impossível
E
peço que me deis luz
Sem
dúvida que faz jus
A
todas as espectativas criadas
E
de todas as definições, sobre Trevas, dadas
São
por mim estas as seleccionadas
Diferente
dos outros, sobre estas Trevas
Eu
caminho e quilometro este meio.
Reconciliação
está no caminho que veio,
Etapa
e corrida dolorosa deveras,
Mas
quando me referi ao Final
Talvez
fosse ao da Escuridão que me referia afinal.
22 de Outubro a 3 de Novembro de 2016
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