O pequeno texto reflectivo que se segue não é da minha autoria. Com a autorização do seu autor, partilho no meu blog um comentário feito, no Facebook, pelo dito autor a propósito duma notícia avançada pelo Jornal Público, na qual era afirmado que o Bloco de Esquerda considera "incompreensível o gasto de três milhões de euros nesta actividade [referente ao Dia da Defesa Nacional] quando há outras prioridades que não são contempladas no presente Orçamento de Estado". Mais afirma o BE que se deve repensar a "obrigatoriedade desta iniciativa". O autor chama-se Emanuel Beirão, é aluno de licenciatura em Ciências da Comunicação, na FCSH, e também é meu amigo pessoal. Confesso que ele materializou em palavras aquilo que já há muito pensava, mas que por enquanto só jiboiava no meu peito (ou na minha mente, como preferirem).
"Sim, é incompreensível gastar-se dinheiro e tempo com algo que parte do pressuposto de que todos os indivíduos concordam com a legitimidade das Forças Armadas. O Dia da Defesa Nacional é um teatro onde os artistas são pessoas do sexo masculino, que nos tentam induzir noções de patriotismo não fundamentadas. É um sítio onde se nota a autoridade e a ordem imposta pela força. É um local que motiva a repetição de desculpas militares descontextualizadas, através de regras impostas por homens que se legitimam como superiores aos outros. Enfim, todo um cenário tradicional e conservador que nos quer levar a pensar que os militares são a nossa segurança, simplesmente porque têm uma farda e armas ao seu dispor. No entanto, não deixo de elogiar as referências feitas à Defesa Nacional, quando esta é feita no sentido não militar, pois devemos preservar tudo o que temos ao nosso dispor de forma sustentável e humanitária. Para além disto, importa, também, fazer alusão às ideias distorcidas a que dão continuidade os responsáveis de saúde que vão ao DFN, por exemplo, ao avaliarem as drogas pela quantidade de utilização, estão a dizer que pode ser tão prejudicial uma utilização excessiva de marijuana como uma de cocaína, sabendo-se que os estudos indicam que é impossível morrer de overdose de canábis e que para isto acontecer, basta uma dose de cocaína ou de LSD. A obrigatoriedade deste dia constitui um pequeno exercício de autoritarismo e ataca as nossas liberdades individuais."
Fazendo uma ponte, achei curiosa a forma como o Presidente Rotativo Marcelo (que segundo parece tem sido especialista em pontes) excluiu qualquer ponto de vista anti-militarista ou ultra-pacifista, do panorama nacional, quando afirmou, no passado domingo, que aqueles que não consideram imprescindíveis as Forças Armadas, numa sociedade livre e segura, não perceberam nada do passado... Cada um olha para a História com os óculos que bem entender, mas o passado é aquilo que é!
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