Nunca imaginei eu que a Faculdade me fosse consumir tanto tempo e energia, ao ponto de não conseguir manter este blog tão activo como gostaria. Adiante! O semestre já está no seu ocaso - comigo já cansado, todos os dias, pelas 16 horas - e o mundo continua a girar, como tem girado nos últimos 4 mil e 500 milhões de anos. Assim sendo, canalizo as palavras deste texto a um Estado que, historicamente, é bem próximo de Portugal, sob a representação da sua Primeira-Ministra.
Theresa May, por enquanto, líder do Partido Conservador inglês, e Chefe do Governo do Reino Unido, é possivelmente a política inglesa mais incapaz dos últimos anos. A situação aborrecida, chata, em que o Reino Unido se encontra - o Brexit - já se arrasta há mais de dois anos. Foi em 2016 que o povo britânico disse não, num referendo democrático, à União Europeia (e, diga-se, em legítimo direito próprio) e, aproximando-se 2019, ainda não foi produzido um derradeiro acordo político e económico entre o RU e a UE, face à nova (mas não tão nova quanto a comunicação social pensa) situação do Brexit. May, como emissária anglo-saxónica nesta "missão impossível", em abono da verdade, pouco tem feito, quer seja pelo seu Estado ou, até, pelo seu partido. Nem o próprio partido Theresa May é capaz de servir. Sabe o leitor que mais? Arrisco-me a dizer que nem a sua nonagenária Rainha, May tem sido competente em servir.
Dentro da sua casa - o seu partido - May enfrenta dois grupos de tories: os que não queriam o Brexit, e que agora têm de o comer, procurando estes uma saída leve, almofadada por muitos acordos e acordinhos; e os "hardliners", aqueles que querem sair, e a saída é para ser ontem, mais nada! De momento, May não consegue agradar nenhum destes. Na semana passada, May encaminhou-se para reunir com os líderes da UE, com a missão de extrair deles, e de vários estados membros, numa perspectiva bilateral, um acordo Brexit derradeiro e último, de modo a este ser submetido, com todas as renegociações, ante o Parlamento do RU, para ser aprovado ou chumbado. De Bruxelas saiu de mãos a abanar. Nem um modesto esboço de acordo Theresa May levou consigo. E, visivelmente, o Partido Conservador já vai perdendo a paciência (os criacionistas do partido norte-irlandês já a perderam há muito tempo, e claramente não personificaram essa virtude tão cristã, ou será budista?).
O outro problema que assombra May chama-se Jeremy Corbyn! Corbyn é não só o líder do opositor Partido Trabalhista (Labour), é também um republicano (o que o torna também um bicho-papão para a Rainha Elizabeth II, imagino). O primeiro líder trabalhista afecto ao socialismo marxista desde há várias décadas, e uma força revitalizadora para a oposição aos tories e aos revisionistas da Terceira Via. Ora, sabe-se que Corbyn, com o Labour em bloco, era um opositor do Brexit devido às suas motivações ideológicas euro-socialistas. Mas, perante uma nova realidade, diante de uma vocalizada vontade democrática de saída, Corbyn tem de se adaptar, e evidentemente a vontade do Labour é um acordo de saída razoável, e melhor será se forem os próprios, no governo, a negociarem um acordo - é ante isto que muita gente se pergunta "Mas do que é que o Corbyn está à espera para lançar uma Moção de Censura, no Parlamento?".
Evidentemente, May tem lidado muito mal com a sua oposição, quer com o Labour, ou com o Partido Nacional Escocês. As suas intervenções na Câmara dos Comuns são um espectáculo triste, cheias de falácias e insinuações insultuosas. Na prática, são uma cassete riscada vazia de qualquer conteúdo. No dia 12, quando lhe perguntavam quando viria esse tal acordo, ela respondia outra coisa qualquer. E já adiou, à revelia da vontade parlamentar, a discussão e votação do acordo: ora, se a senhora não é capaz de negociar o acordo...
Um outro problema com o qual o RU tem de lidar é com a fronteira entre a Irlanda do Norte (súbdita da Rainha) e a República da Irlanda. O problema, em explicação, é simples, mas em resolução não tanto. Desde a década de 90, como parte integrante de resolver os conflitos na ilha irlandesa, acordou-se que a fronteira entre as 'duas Irlandas' seria de livre circulação. Com a nova realidade do Brexit, sendo a Irlanda do Norte parte do RU - que em Março já não será mais um estado-membro da UE - não poderá mais haver uma fronteira livre entre a Irlanda do Reino, e a Irlanda Republicana que é, indiscutivelmente, um estado-membro da UE. Isto levanta velhos problemas porque, juridicamente, seria impossível manter-se uma fronteira livre entre ambas as Irlandas, visto que, desta forma, através dessa fronteira, poderiam entrar na Inglaterra cidadãos europeus de qualquer lado, visto que a República da Irlanda está na UE - e o Brexit não significa esse género de libertinagem. Como há uns tempos May lembrou o mundo, "Brexit means Brexit". O desfecho, creio, é que se erguerá novamente uma fronteira física e fiscalizada na ilha irlandesa.
Theresa May tem em mãos imensos problemas, e a sua sobrevivência política é cada vez mais inverosímil. Eventualmente, o Governo Conservador irá encerrar portas e dará lugar, se a sociedade tiver essa sorte, a um Governo Socialista encabeçado por Jeremy Corbyn que lidará melhor, não só com o Brexit, como também com os demais problemas na sociedade britânica e internacional. Corbyn tem uma franja larga da sociedade no seu apoio: boa parte da classe trabalhadora, artistas, cientistas, minorias raciais, a comunidade LGBT, por aí fora, e qualquer pessoa que seja de Esquerda claro... (curioso, só não sou artista, nem cientista, assumindo que também não estou numa minoria racial). Só há um lobby, e este bem mais poderoso que o actual Governo, que tem perpetuado larga oposição, e oposição desleal, mentirosa, nojenta mesmo, a Corbyn. O lobby dos capitalistas sionistas. Há muitos judeus poderosos (entre outros grupos) que têm acusado Corbyn de anti-semitismo devido às suas críticas ao Estado de Israel, mas este tema abordarei noutra ocasião - e se alguém quiser também a mim acusar-me de anti-semitismo esteja à vontade, que eu tenho descendência judaica.
Voltando à conclusão, que era para onde me encaminhava, tudo isto valerá nada se agora fizessem a batotice de lançar um segundo referendo, ou a batotice ainda maior de voltar atrás no Brexit sem se quer um referendo, sem consultarem os cidadãos. Isso para mim é batota pura! Se isso vai acontecer? Bem, acertei que o Brexit ia ganhar no referendo, agora palpito que, mais cedo ou mais tarde, não vai haver uma volta de 180 graus e o Brexit irá mesmo ser consumado. Em todo caso, se quiserem tirar a prova dos nove e fazer um segundo referendo - e se isto acontecer a abstenção será baixíssima, agora que as pessoas já deram conta que a política afecta as suas vidas - quem sou eu para estar contra isso. Mas que não se cometa o acto ditatorial e fascista de voltarem atrás sem uma nova consulta popular!
Feliz Natal, Xavier!Ou Merry Christmas ? Ou, já sei, nenhuma das duas porque tu és contra o Natal...
ResponderEliminarBeijinhos com saudades das tuas argumentações.
Não professora, eu não sou contra o Natal. Eu gosto do Natal: frio, árvores, o Pai Natal, família, amigos, enfim, a tradição nórdica. Ao Natal cristão não ligo nada.
EliminarFeliz Natal também para si
Beijinhos