Julgaria que não seria justo terminar este endeavour sem abordar alguns dos partidos que não têm, presentemente, representação parlamentar. Seria incoerente e hipócrita, até, se não o fizesse, uma vez que, eu próprio, sou um crítico, da pequeníssima cobertura mediática que os pequenos partidos têm, ou do quanto desfavoráveis as constantes sondagens são para com estes partidos, ou o facto dos líderes destes partidos não terem oportunidade de participar em quase nenhum debate. Devo notificar, todavia, que não abordarei todos os 15 partidos que concorrem nestas circunstâncias. Não o farei porque tal seria um trabalho aborrecido para mim, mas também porque seria um trabalho deveras exaustivo para quem o lesse. A verdade é que, há partidos que me suscitam, virtualmente, nenhum interesse - devido a não passarem de projectos sem visão ou ideologia, no meu ponto de vista - e por isso não serão mencionados neste texto.
De todos estes 15 partidos, o único que alguma vez teve representação parlamentar foi o Partido Popular Monárquico (PPM), durante as duas legislaturas governadas pela Aliança Democrática, coligação da qual fez parte com o PPD e o CDS, tendo tido, inclusive, o seu então Presidente, o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida durante o VIII Governo Constitucional. Há duas componentes nas quais eu, no decorrer do tempo, posso qualificar o PPM. No que à sua ideologia política concerne, o partido, fundado em 1974, manteve-se relativamente inalterado, defendendo uma política económica liberal, sendo socialmente conservador, defensor, contudo, do Ambiente e da autonomia dos municípios. A sua génese cultural está assente no Catolicismo e no ideal da Monarquia. No que à sua organização e intervenção política diz respeito, o definhamento do PPM é mais que óbvio, tendo-se tornado num partido quase cómico - assim como o seu actual Presidente - declarando enormidades como "o PPM é o partido mais querido dos portugueses". O curioso é que, tanto quanto tenho tido oportunidade para averiguar pessoalmente, através de pessoas que conheci, muitos monárquicos não costumam votar neste partido.
Entre estes 15 partidos, o mais antigo é o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizado do Partido do Proletariado (PCTP/MRPP), fundado em 1970 segundo o guia ideológico do Maoismo (corrente supostamente interpretativo, por parte de Mao Tsé-Tung, do Socialismo com características chinesas). Claro que é possível perguntar-mo-nos se, de facto, o Maoismo foi tal coisa, ou se havia qualquer índice de Marxismo nesta corrente política. A minha resposta é que, na verdade, nunca houve. Voltando ao MRPP, é possível classificá-lo como um partido de Extrema-Esquerda Estadista, tendo um historial de rivalidade ideológica, pelo eleitorado comunista, com o PCP. Embora a sua capacidade organizativa, a sua perseverança, e a sua queda para o incrível esteticismo da elaboração de murais socialistas na paisagem urbana, o MRPP nunca teve, o sucesso eleitoral, ou o impacto no combate ao Regime Fascista, que o PCP evidentemente teve. Embora tenha respeito pelo ex-líder do MRPP, António Garcia Pereira, advogado e especialista em Direito do Trabalho, o partido, geralmente, tem dado contributos pelo descrédito da Esquerda, dado as suas declarações e atitudes altamente discutíveis - sendo o partido que é -, especialmente, durante o PREC. Também os seus quadros estão extremamente envelhecidos, tendo entrado, já há muito, apesar do radicalismo patriótico do partido, num ciclo repetitivo torturador no que concernem os argumentos, do partido, na discussão política. No final de contas, que partido, no seu perfeito juízo, classifica o PCP como "Partido Revisionista Social Fascista"?
Indo para partidos bem mais recentes, julgo ser oportuno abordar a Aliança, fundada em 2018 e presidida pelo ex-Primeiro Ministro pelo PSD, Pedro Santana Lopes, e abordar a Iniciativa Liberal, fundada em 2017 presidida pelo Carlos Guimarães Pinto, uma vez que ambos os partidos têm imensas parecenças, estando situados, para todos os efeitos, na Direita Política. Falando primeiro em semelhanças, são dois partidos que procuram uma ainda maior liberalização da Economia, tirando o papel do Estado da mesma, e entregando esse mesmo papel ao, há muito profetizado, poder independente e regulador dessa entidade sem corpo nem cabeça que é o Mercado. No que às questões sociais e culturais concerne, é aqui, possivelmente, onde as diferenças poderão ser mais evidentes. Embora a Aliança se declare como um partido liberal e personalista, tal afirmação colide com a génese socialmente conservadora que marca, não só selectos elementos do partido, como também o seu homem forte, Santana Lopes - que, por sinal, é convictamente monárquico, sugerindo claro tradicionalismo no seu pensamento político. Já a IL é, curiosamente, socialmente libertária. A IL, mantendo-se coerente com o seu Liberalismo, defende muitas das causas de liberdade social que eu próprio defendo, aproximando-se, neste sector, de forças como o Bloco de Esquerda. Culturalmente, a Aliança faz questão de anunciar a sua fidelidade ao catolicismo, enquanto que a IL não faz grandes menções a pensamento religioso. Aliás, esta laicidade do programa político da IL justifica, por ventura, o facto de defenderem causas opostas à Doutrina Social da Igreja como a Eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Outra grande diferença, no meu ponto de vista, entre estes dois partidos é que, ao passo que a IL é um partido não centralizado numa personalidade individual do partido, cumprindo melhor o conceito de movimento colectivo, a Aliança é claramente um partido centrado no seu fundador, e congeminado para ser um mecanismo de vingança, de Santana Lopes, contra aqueles que o tentaram colocar à margem. Qualquer um destes dois partidos tem potencial para eleger um deputado (possivelmente os seus respectivos presidentes caso aconteça), ao contrário dos dois antigos partidos em cima mencionados.
Mergulhando agora, com uma grande bolsa de ar, no Nacionalismo de Direita, ou, como também lhes posso chamar, nos ultras da campanha, abordo o Partido Nacional Renovador, fundado em 2000 e liderado por José Pinto Coelho, e o Chega (nome palerma e sensacionalista que, com propósito, não quer dizer nada em princípio), fundado este ano e liderado por um antigo militante do PSD, André Ventura. O PNR, por um lado, é o partido neofascista com o qual nos temos habituado a conviver, durante este século, e que tem estado na vanguarda da defesa: dum Nacionalismo etno-cêntrico e xenófobo; dum Portugal Corporativista, ou seja, duma ofensiva ao Direito Laboral e à Luta Sindical; dum regresso à velha ordem das "boas condutas morais e sexuais", implicando o Estado na vida privada e sexual do cidadão; e difundido uma teoria da conspiração doida que eu já tive hipótese de abordar sinteticamente, a Invasão do "Marxismo Cultural". O Chega, representando um formato mais refinado e sofisticado da mesma corrente, mais inspirado nos modelos da Alt-Right dos EUA, tem uma linha de pensamento muito similar ao PNR, embora disputem qual dos dois partidos defende mais as forças de segurança - que merecem, como qualquer trabalhador, o seu reconhecimento laboral - e qual dos dois consegue melhor montar um Estado Policial. Enfim, dois partidos que me afiguram a um determinado antigo regime.
Numa nota mais individualizada, gostava de manifestar o meu agrado pelo combate que Marinho e Pinto, enquanto figura central do Partido Democrático Republicano, tem travado para dar alternativas mais eficazes e justas ao actual sistema de Justiça em Portugal, fazendo-o, como é característico do próprio, de forma fervorosa e apaixonada pela República.
Concluindo, gostava de abordar dois partidos ligados ao meu espectro político: o LIVRE, sendo uma tendência dissidente do BE, fundado em 2014 pelo Historiador e Professor Rui Tavares; e o Movimento Alternativa Socialista, fundado em 2000 como o ramo português na IV Internacional (organização socialista e anti-estalinista, que, embora tenha atravessado vários processos de mutação, foi fundado em 1938 por Leon Trotsky como força de Esquerda opositora à URSS), e separado da organização desde 2017, liderado actualmente pelo ex-militante do BE, o Professor Gil Garcia. São dois partidos que se encontram no quadro da Esquerda Libertária (socialistas no campo económico, sendo que o LIVRE prefere a designação de Eco-Socialista, e libertários no campo social), e que mantêm um olhar que, embora não seja hostil, é crítico ante a solução governativa dos últimos quatro anos. Também a emergência climática é uma questão de fundo para estes dois partidos, e ambos compreendem que, para que a sociedade internacional tenha ferramentas para fazer frente aos problemas ambientais, é necessário reformular os próprios modelos de produção e distribuição económica e financeira sobre a qual a Civilização Humana está sustentada. Confesso que, antes de decidir em votar no Bloco, considerei votar num destes dois partidos, em todo o caso, o MAS (para além de ter uma certa Joana Amaral Dias da qual eu não sou particular fã por razões várias) não tem representação no meu Círculo Eleitoral de Portalegre.
Por último, gostava de me manifestar contra a abstenção. O Voto, para além de ser um direito também é um dever, pelo qual imensas pessoas deram a vida, durante muitos anos. Confesso também que, para mim, um voto branco ou nulo, enquanto manifestação inconformada da paisagem de partidos, é diferente duma abstenção. Contudo, por enquanto, a República Portuguesa não faz, virtualmente, nenhuma distinção entre uma coisa e outra. Apelo sobretudo a uma participação democrática, pois só uma sociedade interventiva, na vida política, pode ser próspera e progressista. Apelo a um voto em consciência, e apelo um voto sem nunca este perder de vista os valores democráticos, humanistas e pacifistas.
Por fim, apesar do Dia de Reflexão Nacional (que nem devia existir, porque reflexão nacional é algo que tem de acontecer todos os dias do ano), que serenou as hostes, e apesar do mais recente cardeal a entrar na cúpula da Igreja Católica, desejo a todos um feliz dia 5 de Outubro, ainda que, este ano, a data tenha sido praticamente desprezada, quer pelos Media ou pelas Instituições. Feliz Dia da Nacionalidade e Feliz Dia da República Portuguesa!
Indo para partidos bem mais recentes, julgo ser oportuno abordar a Aliança, fundada em 2018 e presidida pelo ex-Primeiro Ministro pelo PSD, Pedro Santana Lopes, e abordar a Iniciativa Liberal, fundada em 2017 presidida pelo Carlos Guimarães Pinto, uma vez que ambos os partidos têm imensas parecenças, estando situados, para todos os efeitos, na Direita Política. Falando primeiro em semelhanças, são dois partidos que procuram uma ainda maior liberalização da Economia, tirando o papel do Estado da mesma, e entregando esse mesmo papel ao, há muito profetizado, poder independente e regulador dessa entidade sem corpo nem cabeça que é o Mercado. No que às questões sociais e culturais concerne, é aqui, possivelmente, onde as diferenças poderão ser mais evidentes. Embora a Aliança se declare como um partido liberal e personalista, tal afirmação colide com a génese socialmente conservadora que marca, não só selectos elementos do partido, como também o seu homem forte, Santana Lopes - que, por sinal, é convictamente monárquico, sugerindo claro tradicionalismo no seu pensamento político. Já a IL é, curiosamente, socialmente libertária. A IL, mantendo-se coerente com o seu Liberalismo, defende muitas das causas de liberdade social que eu próprio defendo, aproximando-se, neste sector, de forças como o Bloco de Esquerda. Culturalmente, a Aliança faz questão de anunciar a sua fidelidade ao catolicismo, enquanto que a IL não faz grandes menções a pensamento religioso. Aliás, esta laicidade do programa político da IL justifica, por ventura, o facto de defenderem causas opostas à Doutrina Social da Igreja como a Eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Outra grande diferença, no meu ponto de vista, entre estes dois partidos é que, ao passo que a IL é um partido não centralizado numa personalidade individual do partido, cumprindo melhor o conceito de movimento colectivo, a Aliança é claramente um partido centrado no seu fundador, e congeminado para ser um mecanismo de vingança, de Santana Lopes, contra aqueles que o tentaram colocar à margem. Qualquer um destes dois partidos tem potencial para eleger um deputado (possivelmente os seus respectivos presidentes caso aconteça), ao contrário dos dois antigos partidos em cima mencionados.
Mergulhando agora, com uma grande bolsa de ar, no Nacionalismo de Direita, ou, como também lhes posso chamar, nos ultras da campanha, abordo o Partido Nacional Renovador, fundado em 2000 e liderado por José Pinto Coelho, e o Chega (nome palerma e sensacionalista que, com propósito, não quer dizer nada em princípio), fundado este ano e liderado por um antigo militante do PSD, André Ventura. O PNR, por um lado, é o partido neofascista com o qual nos temos habituado a conviver, durante este século, e que tem estado na vanguarda da defesa: dum Nacionalismo etno-cêntrico e xenófobo; dum Portugal Corporativista, ou seja, duma ofensiva ao Direito Laboral e à Luta Sindical; dum regresso à velha ordem das "boas condutas morais e sexuais", implicando o Estado na vida privada e sexual do cidadão; e difundido uma teoria da conspiração doida que eu já tive hipótese de abordar sinteticamente, a Invasão do "Marxismo Cultural". O Chega, representando um formato mais refinado e sofisticado da mesma corrente, mais inspirado nos modelos da Alt-Right dos EUA, tem uma linha de pensamento muito similar ao PNR, embora disputem qual dos dois partidos defende mais as forças de segurança - que merecem, como qualquer trabalhador, o seu reconhecimento laboral - e qual dos dois consegue melhor montar um Estado Policial. Enfim, dois partidos que me afiguram a um determinado antigo regime.
Numa nota mais individualizada, gostava de manifestar o meu agrado pelo combate que Marinho e Pinto, enquanto figura central do Partido Democrático Republicano, tem travado para dar alternativas mais eficazes e justas ao actual sistema de Justiça em Portugal, fazendo-o, como é característico do próprio, de forma fervorosa e apaixonada pela República.
Concluindo, gostava de abordar dois partidos ligados ao meu espectro político: o LIVRE, sendo uma tendência dissidente do BE, fundado em 2014 pelo Historiador e Professor Rui Tavares; e o Movimento Alternativa Socialista, fundado em 2000 como o ramo português na IV Internacional (organização socialista e anti-estalinista, que, embora tenha atravessado vários processos de mutação, foi fundado em 1938 por Leon Trotsky como força de Esquerda opositora à URSS), e separado da organização desde 2017, liderado actualmente pelo ex-militante do BE, o Professor Gil Garcia. São dois partidos que se encontram no quadro da Esquerda Libertária (socialistas no campo económico, sendo que o LIVRE prefere a designação de Eco-Socialista, e libertários no campo social), e que mantêm um olhar que, embora não seja hostil, é crítico ante a solução governativa dos últimos quatro anos. Também a emergência climática é uma questão de fundo para estes dois partidos, e ambos compreendem que, para que a sociedade internacional tenha ferramentas para fazer frente aos problemas ambientais, é necessário reformular os próprios modelos de produção e distribuição económica e financeira sobre a qual a Civilização Humana está sustentada. Confesso que, antes de decidir em votar no Bloco, considerei votar num destes dois partidos, em todo o caso, o MAS (para além de ter uma certa Joana Amaral Dias da qual eu não sou particular fã por razões várias) não tem representação no meu Círculo Eleitoral de Portalegre.
Por último, gostava de me manifestar contra a abstenção. O Voto, para além de ser um direito também é um dever, pelo qual imensas pessoas deram a vida, durante muitos anos. Confesso também que, para mim, um voto branco ou nulo, enquanto manifestação inconformada da paisagem de partidos, é diferente duma abstenção. Contudo, por enquanto, a República Portuguesa não faz, virtualmente, nenhuma distinção entre uma coisa e outra. Apelo sobretudo a uma participação democrática, pois só uma sociedade interventiva, na vida política, pode ser próspera e progressista. Apelo a um voto em consciência, e apelo um voto sem nunca este perder de vista os valores democráticos, humanistas e pacifistas.
Por fim, apesar do Dia de Reflexão Nacional (que nem devia existir, porque reflexão nacional é algo que tem de acontecer todos os dias do ano), que serenou as hostes, e apesar do mais recente cardeal a entrar na cúpula da Igreja Católica, desejo a todos um feliz dia 5 de Outubro, ainda que, este ano, a data tenha sido praticamente desprezada, quer pelos Media ou pelas Instituições. Feliz Dia da Nacionalidade e Feliz Dia da República Portuguesa!
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