Uma vez estando um nome cunhado a este simplório blog recém criado por mim, parece-me que faz sentido clarificar o porquê de tão abstracto e estranho nome. Pensatório da Divisão é uma junção, entre um conceito que para todos os complexos e linguísticos efeitos não figura no dicionário da língua portuguesa (pensatório) - não sendo, todavia, um neologismo por mim criado -, e uma palavra que advém de um álbum musical de uma banda que muito gosto (divisão). Não se surpreenda quem isto estiver a ler, não me limitei a pensar nas duas primeiras coisas improváveis que me ocorressem à cabeça, juntá-las, e disso fazer o nome do meu blog. A realidade é que existe uma relação entre estes dois termos, no seu presente sentido semântico em específico. Pensatório foi um neologismo, tanto quanto eu consegui averiguar, criado pelos tradutores das primeiras edições dos livros da saga Harry Potter, para que houvesse tradução para o termo pensieve, termo este instituído, com um novo sentido semântico, pela autora da série, J.K. Rowling. O Pensatório era um objecto (em forma de bacia) onde alguém podia descarregar as suas memórias mais complexas e visitá-las mais tarde, em qualquer dado momento, como se estivesse a visitar o próprio passado, permitindo que ocorrências ou tempos do passado fossem retrospectivamente compreendidos com uma maior clareza. Era um meio muito utilizado - a partir do quarto volume e principalmente no sexto - pela minha personagem favorita de toda a saga, o Professor Albus Dumbledore, e sinceramente seria o tipo de objecto que eu adoraria possuir, desde há muito tempo. Seria o tipo de coisa que me daria uma maior clarividência sobre o passado, para compreender coisas que nunca chegaram a ser compreendidas. E então onde joga aqui o termo 'divisão'? Ora, antes de mais, o termo vem do excelente álbum Divison Bell (1994), da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd, cuja tradução literal é 'Sino de Divisão'. Primeiramente, o título do álbum refere-se ao Sino de Divisão que é utilizado no parlamento inglês para sinalizar a iniciação dum processo de votação, contudo, num plano mais profundo, refere-se também a todas as fissuras divisórias que foram criadas na história da banda, desde a psicose do fundador Syd Barrett até à saída hostil de Roger Waters - segundo muitos entusiastas, estas mesmas fissuras podem ser observadas, subliminarmente, na capa do dito álbum. Portanto, este título significa que fissuras ou complexidades existentes no quotidiano ou na cabeça da pobre alma que possui exclusiva autoria deste blog, possam ser, nem que ligeiramente, colmatadas com a reflexão, e redacção dessas mesmas reflexões, partilhando-as com quem as queira ler, fazendo deste blog mais do que um arquivo: um autêntico pensatório, como aliás qualquer bloco de folhas onde alguém escreve as suas memórias pode ser. Bem, no final de contas, este texto torna-se em si uma reflexão que se pretende atingir e revisitar num qualquer futuro...
*Para efeitos futuros, todas as redacções elaboradas neste blog serão fieis para com a Língua Portuguesa e o seu Acordo Ortográfico, não sendo sobre quaisquer circunstâncias escritos textos segundo o anti-democrático Vómito Ortográfico a que chamam Novo Acordo Ortográfico.
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