O Sol foi eclipsado pela Lua
Onde era claro agora é escuro
Os pesadelos do mundo saíram à rua.
O horizonte foi toldado por um muro,
Árvores jamais sussurram histórias
Na mente dum subconsciente duro.
Na água não correm memórias
Nada vai desaguar ao lago
E todas as jornadas são inglórias.
II
Tudo se revela aparentemente vago
Como uma estátua há muito esquecida.
Olhai para este existencial estrago.
Entre as trevas procuro vida
Que reanime este morto mar,
Que permita a palavra ser lida.
Ao Espaço a minha vitalidade tenho que dar
Para a Luz eu voltar a receber,
Para pôr término ao nocturno azar.
III
Houve um brilho que pude ver,
Que atravessou o Tempo e o Espaço
E a tal palavra pude novamente ler.
As folhas uniram-se num laço
Que uniu as várias consciências
Numa união mais resistente que aço.
São estas as sagradas resistências
Que conduzem no rio as experiências
Que, quando desaguadas, são luminosas
vivências.
A água não era mais obscura
E havia um sabor a esperança.
Lembrei-me finalmente que a Estrela endura,
Atravessando o céu há uma lança.
Alguém se ergueu na moribunda neblina
Como se na eterna Escuridão persistisse um
farol.
Um lírio nasceu na deserta ravina
E a negra Lua foi eclipsada pelo Sol.
Este poema, que me requereu uma grande profundidade emocional, foi escrito no dia 9 de Setembro de 2018, baseado, quanto à sua estrutura, na Divina Comédia de Dante Alighieri.
Bem trabalhado, Xavier!
ResponderEliminarFico muito grato pelo seu elogio, professora
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