terça-feira, 31 de março de 2020

A Chave (Poema)

O primeiro poema que escrevi, durante uma aula de português, quando eu tinha 12 ou 13 anos, tinha este título. Só voltei a escrever poesia com 17 anos de idade. Hoje, esse título é tudo o que recordo sobre esse primeiro poema. O caderno onde ele estava escrito não sobreviveu ao simples passar do tempo. Tentei recuperá-lo neste outro poema que escrevi.

A chave não é uma amiga,
É um lampejo de luz
Que ao Sacrário nos liga
Para à verdade fazer jus.

As Portas da Percepção, abertas,
Revelando-nos enredo e resposta
Às verdades que estão encobertas
Pela penumbra que foi imposta.

A Chave tem um poder
De abrir o céu e inferno,
Abre tudo sem o conteúdo temer.
Uma resposta no consciente interno.

O trinco dá um estalo
Fugaz e receosamente sonoro.
Dá as palavras com as quais falo
E um trilho para o local onde moro.

Dourada, platinada, bronzeada,
Rachada, tudo isso é acessório –
Cristo tinha a farda rasgada
E tentou salvar o mundo inglório.

Mas Cristo não tinha uma Chave,
Tinha deus, seu pai, como adversário.
Sua irrealidade nunca voou na vermelha ave
E tudo o que lhe deram foi um sudário.

A Chave é uma porta portável
Para qualquer muro irreparável
Toda ela uma relíquia fiável
Para qualquer consciência desconfortável.

29 de Setembro de 2018

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