sexta-feira, 27 de março de 2020

Veia Poética (Poema)

Não sei se faz sentido
Aquilo que não se explica.
Neste caminho ido
Nenhuma indiferença fica.

Sangue escorre nas veias!
Veias, de ideias cheias.
Alguns versos são palavras-meias
Num caderno de encadeadas teias.

O líquido escarlate atravessa
O meu braço direito com pressa.
Por vezes a escrita é de lenta locomoção,
Falta a inspiração.

Sinto o pulsar na mão,
É quando acelera essa locomoção,
Emparelhando ideias pelo papel
Se alastram, num deslizar - numa tela - dum pincel.

Faz-se contacto com a caneta
E tudo isto, e mais, assenta.
O que conto não é treta,
Mas sim o que em letras e cérebro se inventa.

Isto é a poesia:
A caneta a deslizar
Com a mão em estádio pulsar.
Lá sabia eu o que isto trazia...

E as letras ganham forma
Numa arte com e sem norma
Com uma paisagem que se transforma.

O Fogo está em jogo
Num jogo em fogo
Sem fôlego!

As palavras ordenam perpetuadas
Palavras! Umas forçadas outras aladas.
O misticismo da tinta
E os dias já vão nos 30!

Nem tudo faz sentido.
Uma alma perdida, moribunda
Que em mágoas divagantes se afunda
Tentando recuperar tempo perdido.

E tudo isto me flui
Nestas incessantes futuramente afectadas veias,
Auxiliando escrita poética após ceias.
Sou o que não fui
Quando era o que já não se semeia
Numa existência que o sistema polui.

E assim isto me vem do sangue -
Líquido escarlate metafórico.
Poesia onde fico eufórico.
Palavras soltas de outro sangue.

Força da acção
É a memória que corre no cérebro
Escorrendo pelo sangue até à mão
Até que eu próprio quebro!
Assim faço a poesia
Que me alivia, esvazia. Eu sentia.


Escrito entre 23 e 24 de Novembro de 2016

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