Nas alturas em que meto - com alguma razão, devo confessar - a minha áurea de Velho do Restelo, costumo barafustar que a boa música está a perder visibilidade perante os novos estilos, próprios da minha geração, que passam nas rádios e nas discotecas, e que o Rock N' Roll está moribundo. Confesso que por vezes também sou um pouco injusto com o que digo. É verdade que os instrumentos musicais, as letras poéticas e socialmente activas, e as melodias complexas e ricas desapareceram do panorama mainstream da indústria musical, mais ou menos no florescer do actual século, estando agora este espaço privilegiado, fornecido pelas rádios, televisões e muitas discotecas, destinado aos sons artificiais gerados por uns computadores e à Pop Music do século XXI, desprovida de qualquer responsabilidade política ou social. Realidade actual que, aliás, foi prevista há décadas por ícones musicais e grandes pensadores como Frank Zappa e Jim Morrisson. Mas o presente, musicalmente, não é assim tão negro, e diria até que nem é muito mau. O surgir da banda jovem de Hard Rock/Blues Rock no ano passado, os Greta Van Fleet, abriu-me os olhos para o facto de que ainda surge excelente música no presente século. Podia falar aqui de grandes grupos que continuam a fazer e a produzir do melhor que o Rock tem para oferecer, como os Avenged Sevenfold ou os Last Shadow Puppets, mas neste caso quero falar especificamente dos Greta Van Fleet.
A banda norte-americana lançou o seu primeiro EP (um mini-álbum, digamos) no ano passado, From The Fires, e é formada por três irmãos - o vocalista Josh Kiszka, o guitarrista Jake Kiszka e o baixista/pianista Sam Kiszka - mais o actual baterista Danny Wagner. Eu ouvi pela primeira vez uma música desta banda no início deste Verão, e a minha automática reacção foi perguntar ao meu amigo Henrique Raposo (tinha sido ele que tinha metido a música Highway Tune) que música dos Led Zeppelin era essa, porque eu estranhamente não conhecia. Sabia (julgava eu) que era Led Zeppelin, só não sabia que faixa e de que álbum se tratava. O Henrique Raposo fez questão de me informar que não era Zeppelin, e que era uma banda que nem se quer tinha um ano de idade e que se chamava Greta Van Fleet. Eu fiquei incrédulo! De facto será a primeira reacção de quem conhece Zeppelin quando vai ouvir pela primeira vez os Greta. Já houve quem os tenha chamado de plagiadores ou imitadores. A verdade é que, apesar de terem frases de guitarra muito similares às do Jimmy Page no que diz respeito ao estilo, e do vocalista Josh ter um estilo vocal assustadoramente parecidíssimo com o de Robert Plant, e de terem todo um estilo e groove que só lembra os Blues e o Hard Rock dos anos 70, eles são autenticamente originais. O facto de terem inspiração no Howlin' Wolf e nos Led Zeppelin não os torna plagiadores, da mesma forma que o David Bowie se inspirou no Syd Barrett para lançar a sua carreira. O Rock melódico e poderoso com letras nostálgicas e poéticas: é isso que são os Greta. Não posso pedir mais que isto.
Não é comum encontrarmos artistas tão promissores como eles, e com uma jovem amplitude etária dos 18 aos 22 anos. Não são só um quarteto de rapazes atraentes, com uma excelente imagem que os vende, são muito mais que isso. São autênticos músicos, daqueles excelentes, com o potencial de fazerem rejuvenescer o Rock. Para finalizar, das minhas recomendações específicas para audição, sugiro aquilo que está a ser um grande êxito internacional, o Highway Tune, e especialmente as músicas Edge of Darkness e Black Smoke Rising. Por outro lado, quem estiver interessado em ouvir algo que seja uma autêntica fusão Greta Zeppelin, até a própria cabeça ficar baralhada, perguntando-se como é que tal é possível, recomendo Safari Song. E desengane-se quem pensar que eu perco esperança no futuro do Rock N' Roll. Com estes jovens da minha idade não é possível. Só fico ansioso, esperando que mais jams se seguirão para os Greta Van Fleet.
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