Este texto não será tão meticuloso e concreto como o anterior sobre este assunto (as eleições para a presidência do Brasil). É mais um manifesto emocional, algo bem mais pessoal e menos doutrinal.
Não me sinto com dor de cotovelo, com azedume, com desapontamento, nem se quer me sinto com raiva (propriamente). Sinto-me - acredite-se ou não, não me interessa - com uma tristeza depressiva que eu próprio não consigo explicar totalmente. Já me foi dito que tenho de ser compreensivo com os muitos milhões de brasileiros que votam Bolsonaro: o país está entregue à corrupção, à violência e ao homicídio, e portanto o povo brasileiro não se vê com outra escolha. Isso foi o que os alemães, e não só, pensaram na década de 30 - a Alemanha estava entregue à recessão, e alguém com punho de ferro tinha de solucionar o problema, e essa solução materializou-se na forma de Adolf Hitler, e o seu gangue nazi, o ícone do fascismo que potenciou a 2ª Guerra Mundial.
Não me sinto com dor de cotovelo, com azedume, com desapontamento, nem se quer me sinto com raiva (propriamente). Sinto-me - acredite-se ou não, não me interessa - com uma tristeza depressiva que eu próprio não consigo explicar totalmente. Já me foi dito que tenho de ser compreensivo com os muitos milhões de brasileiros que votam Bolsonaro: o país está entregue à corrupção, à violência e ao homicídio, e portanto o povo brasileiro não se vê com outra escolha. Isso foi o que os alemães, e não só, pensaram na década de 30 - a Alemanha estava entregue à recessão, e alguém com punho de ferro tinha de solucionar o problema, e essa solução materializou-se na forma de Adolf Hitler, e o seu gangue nazi, o ícone do fascismo que potenciou a 2ª Guerra Mundial.
As pessoas que votam Bolsonaro não são, necessariamente, fascistas, mas também não são consequentes nas suas atitudes colectivas. Não podemos vender a democracia e a liberdade para combater a corrupção. Não podemos combater o crime e a violência multiplicando a violência mediante o próprio Estado e as Forças Armadas. Infelizmente vivemos num mundo onde as gerações dos anos das Grandes Guerras (1914-1945) já não vivem para nos recordar do som dos tiros e das bombas ribombando nos campos e nas ruas, do som dos berros de tristeza inconsolável das mães e dos pais quando descobrem que os filhos já não regressarão a casa, do som dos derradeiros gritos de morte de negros, judeus, eslavos, ciganos, deficientes, homossexuais, opositores políticos, nos campos de concentração do III Reich e da União Soviética Estalinista por essa Eurásia fora. Já não vivemos num mundo onde haja suficientes vozes que nos recordem do que foi o ódio, a intolerância, o nacionalismo violento, que promoveu a guerra entre as massas.
Não se cole Bolsonaro a indivíduos como Donald Trump, Nigel Farage, Marine Le Pen, Salvini. Esses são apenas políticos desagradáveis ao pé de Jair Bolsonaro. Bolsonaro é o mais fascista que é possível no século XXI, e a única coisa que o impedirá de ser um Ditador - porque ele até de um Culto de Personalidade já usufrui - será a Constituição e as Instituições Civis da República Federal do Brasil. Votar em Bolsonaro é votar num intolerante social, que pensa que as minorias têm de se vergar perante as maiorias, que não respeita a integridade de afro-descendentes e não-heterossexuais brasileiros. Votar em Bolsonaro é votar no homem que pretende vender toda a economia brasileira, incluindo Educação e Saúde, ao Sector Privado, num plano neoliberal de meter inveja a Margaret Thatcher e Ronald Reagan... contudo, não tão inteligente e meticuloso, acredito, pois o homem não é propriamente um intelectual.
Votar em Bolsonaro é votar num oficial militar que foi guerrilheiro de defesa da Ditadura Militar em consciência própria. Votar em Bolsonaro não é só tomar uma atitude política, é tomar uma atitude civilizacional. E o Brasil escolheu Bolsonaro, e de resto, que tenhamos esperança que tudo isto que Bolsonaro tem em programa não seja praticável, e que ele se revele como um político frágil, mas, pessoalmente, não estou muito esperançoso. Sinto uma enorme cortina totalitária descer sobre a mentalidade internacional. Sente-se na Internet, sente-se na televisão, sente-se nas ruas.