sábado, 13 de outubro de 2018

Leslie (poema)

Árvore em cima da estrada
O poste não tem luz
Sopro do vento como uma espada
Este é o tempo que ao temporal faz jus.

Prometeram caos, medo, mais caos,
Ventos todos eles muito maus.
Caixas e caixotes no ar,
Folhas, na estrada, a abarrotar,
Gente nas ruas sem lar.
Prometeram nas ruas muito azar,
Gente a fugir e arfar,
A levar com caixotes no ar
Vindos de tendas sem lar.

Li isto nas entrelinhas,
Na televisão onde só há razão –
Dizem os seus grandes arautos –
Interrompendo as planificações minhas
Porque ia levar com a mão do furacão.
Força vinda dos tronos celestes mais altos.
Prometia tudo vindo do nada,
Vendavais aos centos em golpes de espada.
Toda a luz na avenida, apagada

Mas chamaram-lhe Leslie, ao Furacão –
Nome fofinho e bonito esse
Em vez daquele que deveria ser o de um papão.
Nunca seria este um tempo que eu temesse…

Mas respeito imenso a energia do vento
E a impotência humana quando as luzes morrem
Perante a força do veloz Terceiro Elemento.
O sinal está quando os pássaros fogem.



Poema escrito às 22:30h, neste dia 13 de Outubro, escutando e observando o ribombar do Leslie nas janelas do meu 10º andar, em Lisboa. O som do vento é, por vezes, como um amigo...

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