domingo, 28 de outubro de 2018

Desce uma nova cortina

Este texto não será tão meticuloso e concreto como o anterior sobre este assunto (as eleições para a presidência do Brasil). É mais um manifesto emocional, algo bem mais pessoal e menos doutrinal.

Não me sinto com dor de cotovelo, com azedume, com desapontamento, nem se quer me sinto com raiva (propriamente). Sinto-me - acredite-se ou não, não me interessa - com uma tristeza depressiva que eu próprio não consigo explicar totalmente. Já me foi dito que tenho de ser compreensivo com os muitos milhões de brasileiros que votam Bolsonaro: o país está entregue à corrupção, à violência e ao homicídio, e portanto o povo brasileiro não se vê com outra escolha. Isso foi o que os alemães, e não só, pensaram na década de 30 - a Alemanha estava entregue à recessão, e alguém com punho de ferro tinha de solucionar o problema, e essa solução materializou-se na forma de Adolf Hitler, e o seu gangue nazi, o ícone do fascismo que potenciou a 2ª Guerra Mundial. 

As pessoas que votam Bolsonaro não são, necessariamente, fascistas, mas também não são consequentes nas suas atitudes colectivas. Não podemos vender a democracia e a liberdade para combater a corrupção. Não podemos combater o crime e a violência multiplicando a violência mediante o próprio Estado e as Forças Armadas. Infelizmente vivemos num mundo onde as gerações dos anos das Grandes Guerras (1914-1945) já não vivem para nos recordar do som dos tiros e das bombas ribombando nos campos e nas ruas, do som dos berros de tristeza inconsolável das mães e dos pais quando descobrem que os filhos já não regressarão a casa, do som dos derradeiros gritos de morte de negros, judeus, eslavos, ciganos, deficientes, homossexuais, opositores políticos, nos campos de concentração do III Reich e da União Soviética Estalinista por essa Eurásia fora. Já não vivemos num mundo onde haja suficientes vozes que nos recordem do que foi o ódio, a intolerância, o nacionalismo violento, que promoveu a guerra entre as massas. 

Não se cole Bolsonaro a indivíduos como Donald Trump, Nigel Farage, Marine Le Pen, Salvini. Esses são apenas políticos desagradáveis ao pé de Jair Bolsonaro. Bolsonaro é o mais fascista que é possível no século XXI, e a única coisa que o impedirá de ser um Ditador - porque ele até de um Culto de Personalidade já usufrui - será a Constituição e as Instituições Civis da República Federal do Brasil. Votar em Bolsonaro é votar num intolerante social, que pensa que as minorias têm de se vergar perante as maiorias, que não respeita a integridade de afro-descendentes e não-heterossexuais brasileiros. Votar em Bolsonaro é votar no homem que pretende vender toda a economia brasileira, incluindo Educação e Saúde, ao Sector Privado, num plano neoliberal de meter inveja a Margaret Thatcher e Ronald Reagan... contudo, não tão inteligente e meticuloso, acredito, pois o homem não é propriamente um intelectual.

Votar em Bolsonaro é votar num oficial militar que foi guerrilheiro de defesa da Ditadura Militar em consciência própria. Votar em Bolsonaro não é só tomar uma atitude política, é tomar uma atitude civilizacional. E o Brasil escolheu Bolsonaro, e de resto, que tenhamos esperança que tudo isto que Bolsonaro tem em programa não seja praticável, e que ele se revele como um político frágil, mas, pessoalmente, não estou muito esperançoso. Sinto uma enorme cortina totalitária descer sobre a mentalidade internacional. Sente-se na Internet, sente-se na televisão, sente-se nas ruas.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Wikipedia: Uma Enciclopédia na Internet?

A Wikipedia, conhecida como a enciclopédia livre, mantém-se como uma das organizações mais atacadas, ou desacreditadas, entre o meio intelectual e o meio do ensino. Eu, evidentemente, compreendo o porquê. Um meio na Internet, sustentado por uma organização sem quaisquer princípios ou fins lucrativos, contendo vários milhões de artigos, puramente informativos, sobre todos os assuntos imagináveis, nas mais variadas línguas, é algo que suscita sempre desconfiança entre os mais informados porque, geralmente, a difusão de informação não funciona assim. O mundo capitalista não funciona assim. O ser humano intelectual habituou-se ao facto da informação ter um preço. Mas não é assim que a Wikipedia funciona.

Sinteticamente, a Wikipedia é um site cuja administração é feita pelos seus organizadores, desde a sua fundação em 2001 por Jimmy Wales e Larry Sanger, com colaboradores administrativos falantes das dezenas de línguas disponíveis na enciclopédia, e no qual qualquer internauta pode-se registar gratuitamente e colaborar na elaboração, ou correcção, dos artigos disponíveis, ou até mesmo criar novos artigos. A informação colocada na Wikipedia deve, evidentemente, como sucede nos trabalhos académicos, ser citada, referenciada a uma origem fidedigna dessa informação. É por isso mesmo que, no fundo da página de qualquer artigo da Wikipedia, está presente uma lista dessas mesmas referências bibliográficas. Quais são os contras deste processo? Obviamente - e eu como um utilizador de há uma década sei-o bastante bem - há versões da Wikipedia em determinadas línguas, nomeadamente em português (especialmente na versão brasileira) e castelhano, que não são muito fiáveis. Nesses meios, muita da informação presente não foi devidamente verificada ou referenciada, o que conduz à existência de informação incompleta, omitida ou completamente falsa no pior dos casos. Outro problema que a Wikipedia tem em determinadas línguas é a qualidade ortográfica e sintáctica dos próprios textos, o que impõe um problema para quem os vai ler, posteriormente.

Apesar dos contras, os prós são eclipsadores! A versão original da Wikipedia, a versão em inglês, na língua franca, não só é a versão com mais artigos escritos - mais de 5 milhões - como é também a mais fiável, naturalmente. Eu, como utilizador assíduo da Wikipedia (exclusivamente na versão inglesa), recomendo-a a qualquer pessoa que goste de informação, de conhecimento. Claro que o conhecimento não se encontra contido num artigo da Wikipedia. O conhecimento é uma dádiva que se obtém através de vários meios e fontes, mas um artigo da Wikipedia escrito na língua mãe dos seus fundadores (e dos actuais principais líderes da organização) será sempre um motor de pesquisa de respeitável importância, que em 99% da vezes nunca deixará o seu utilizador mal. 

Eu nunca me senti desfalcado intelectualmente com um artigo inglês da Wikipedia. Claro que há sempre malta espirituosa que mete um disparate ou outro num qualquer artigo, propositadamente, mas em cinco minutos esse disparate está limpo. Aliás, o mecanismo do site é tão eficiente que, desde o ano passado, a Fundação Wikipedia tem colaborado no desencobrimento de notícias falsas promovidas por vários grupos de índole fascista.

A Wikipedia não é um meio indispensável para qualquer que seja o tema. A Wikipedia não é uma autoridade como é Albert Einstein na Física, ou Charles Darwin na Biologia, ou Jacques Le Goff na História Medieval. Ainda assim, a Wikipedia (inglesa, friso) é uma fiável enciclopédia, que não contém toda a informação mas contém boa e sintética informação. Portanto, respondendo à pergunta do título - Sim!      

domingo, 21 de outubro de 2018

SpeedCristal, Sleepwalkers e a Rock Scene de Almada

Tive o prazer de participar no evento Mostra de Música Moderna de Almada, que teve lugar precisamente no Cine Incrível da Cidade de Almada, e que ocorreu neste fim-de-semana, entre Sexta-feira e Sábado. Sempre que alguém estiver com a cabeça cheia da semana, nas eminências de implodir, a terapia que eu sempre recomendarei será tirar um ou dois dias no fim-de-semana, ir para algures onde não haja uma grande massa populacional, de preferência com amigos, e deixar-se imergir em música, de preferência ao vivo. Quanto a mim, não há nada como o ambiente liberto e fraterno do Rock N' Roll para nos meter na faixa certa do humor e da disposição. Numa nota curta e simples, aquilo que ouvi, deste evento surpreendente - que se resume à Sexta-feira - deixou-me bastante feliz quanto aos novos talentos portugueses que espreitam por detrás da cortina.

Em primeira e principal menção, quero assinalar o gig dos SpeedCristal como aquele que me impulsionou a ir passar dois dias à Margem Sul, para assistir em primeira mão a uns quantos jams de Punk Rock. Tive o prazer de acompanhar toda a preparação da banda durante todo o dia de Sexta, não estivesse eu alojado em casa do meu amigo de longa data, Henrique Raposo, o guitarrista da banda. Assisti ao soundcheck, jantámos, tivemos o gosto de entrar num estabelecimento de venda de vinis e cd's muito raros, designado Drogaria Central. Fiquei surpreendido com a raridade de alguns discos, que lá se vendem, exemplo é o 10000 anos entre Vénus e Marte (1978), de José Cid, ou o Barrett (1971) da autoria do fundador dos Pink Floyd, Syd Barrett. Tive hipótese até de descobrir um músico do qual não tinha o mais pálido conhecimento da sua existência, Richard Marx! Nome peculiar... 

Indo ao centro da questão, o concerto dado pelo trio SpeedCristal - que infelizmente teve a ausência do vocalista e membro fundador, o Necas - composto pela Sara Cunha nos vocais e no baixo, o Henrique Raposo na guitarra eléctrica e o João Guerreiro na bateria, representou 40 minutos de missão cumprida e de excelente sincronização de banda. É sem sombra de dúvida o aspecto instrumental o grande ponto forte da banda, e foi isso que se evidenciou no concerto do Cine Incrível de Almada. A Sara é uma baixista altamente coerente, o João é um relâmpago de baterista e o Henrique é um guitarrista excelente e altamente versado a solo. De entre as sete músicas que foram tocadas pelos SpeedCristal, eu terei de eleger o Vortex como o melhor jam que a banda tocou. Sinto, todavia, que, apesar de serem os SpeedCristal com quem eu passei esta experiência, o título de 'concerto da noite', e possivelmente de toda a edição da Mostra de Música Moderna deste ano, deverá ir para a banda que veio a seguir aos SpeedCristal. Falo dos Sleepwalkers, que me deixaram completamente absorvido pelo som que produziram. Um som melodioso, melancólico e ébrio, e quem de resto lá estava pode confirmar a pura qualidade desta banda. 

Foram 40 minutos de uma mistura óptima de Blues, Alternative Rock e Psychadelic Rock que valeu muito a pena, numa formação composta por Hugo Gomes nos vocais e na guitarra de ritmo, Guilherme Raposo na guitarra de solo, Francisco Medeiros no baixo, e Inês Gomes na bateria. E quando eu digo que esta exibição foi algo de especial, também eles são, pessoalmente, um conjunto bastante especial. Descobrimos isto quando tivemos oportunidade de os conhecer após o seu concerto. O Hugo Gomes, enquanto vocalista e frontman de uma banda de Rock, tem o potencial para ir bem longe. Eu se fosse dirigente de uma qualquer editora musical já estaria com a sua voz na cabeça. Se houver dúvidas disso, as duas faixas de música que estão gravadas pelos Sleepwalkers, no Soundcloud, poderão confirmá-lo melhor que eu - são o Hippies e o Into the City.

No final é esta pequena crónica de lembranças alegres e motivadoras que aqui deixo, que para muitos pode significar muito pouco, mas que significa imenso para mim. São estas experiências, cheias de pessoas novas, animadas, com nova música a ser criada ao virar da minha esquina, que me ajudam a ser um pouco mais humano. E no final, um grande obrigado ao conjunto dos SpeedCristal, e também aos Sleepwalkers, por terem concordado em permitir eu escrever sobre os seus concertos e por se terem lançado de corpo e alma na música. Quem sabe, um dia estaremos todos a falar dos SpeedCristal e dos Sleepwalkers como grupos portugueses a fazerem ascender o Rock, novamente, no panorama nacional. Quem sabe se será na cena de Almada que tudo começa. Mas numa coisa eu acredito e tenho esperança, e digo isto com toda a consideração para com os demais músicos que fizeram um óptimo trabalho: o Henrique Raposo e o Hugo Gomes são estrelas que só agora começaram a brilhar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Sobre um Doutor em Ciências Sociais

Não vi o último episódio de Prós e Contras sobre o movimento Me Too, devo confessar. Eu só costumo ver aqueles cujo tema me afigura realmente relevante, e até hoje não vi nenhum melhor que a edição sobre a relevância de deus na sociedade actual, transmitido há uns anos. Mas este texto não é sobre o Prós e Contras em geral (embora acredite que também dava uma reflexão interessante), é antes sobre, especificamente, uns quantos minutos que correram no último Prós e Contras, e que eu tomei a liberdade de visualizar, minutos esses que dizem respeito às intervenções do Professor Daniel Cardoso, docente na FCSH.

As considerações do professor podiam ter passado despercebidas, na opinião pública e na comunicação social, como passam despercebidas a maioria das intervenções que sucedem naquele programa. Atrevo-me a dizer que aquela intervenção podia ter encaixado na normalidade da consciência colectiva deste país, mas para um considerável sector da sociedade não só foi uma intervenção anormal, errada, repudiante - era visível a cara de repúdio da Fátima Campos Ferreira - como que também o orador da dita intervenção, o Professor Daniel Cardoso, viu cair-lhe em cima uma rajada de insultos, burros e juízos pessoais falaciosos, vindos um pouco de todo o lado... e esse foi o derradeiro erro que os seus críticos cometeram, ao julgarem e combaterem o homem em vez do argumento - sem que este tenha dirigido um único insulto a alguém -, que é algo que o ser humano está habituado. Mas afinal, que sacrilégio terá dito Daniel Cardoso para originar um verbal onslaught tão vasto?

O Professor Cardoso, abordando as questões de possessão abusiva das autonomias corporais de indivíduos mais vulneráveis, limitou-se a ilustrar o seguinte exemplo, dizendo "É preciso falar de educação de forma concreta. A educação é quando a avozinha ou o avozinho vai lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho. Isto é educação. Estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças. Obrigar alguém a ter um gesto físico de intimidade com outra pessoa como obrigação coerciva é uma pequena pedagogia que depois cresce". No primeiro plano, digo que o tom usado e as expressões usadas foram pouco apropriadas para a audiência em questão. Atrevo-me a dizer que o exemplo usado dos avós não foi o melhor possível, do ponto de vista pedagógico, uma vez que boa parte da audiência tinha uma índole conservadora. Mas a verdade é que, pegando em argumentos que foram usados in loco contra o professor, a pedagogia do obrigar a dar o beijinho é fraca pedagogia! Não é necessário dizer à criança para ir dar um beijinho aos avós, se a criança gostar dos avós - tal como eu gosto muito dos meus - a criança irá lá. E se por algum motivo trágico a criança não gostar do avô ou avó, não tem de ser obrigada a dar o beijinho. Acho isto simples. 

Mas extrapolando o argumento do professor, geralmente as crianças são intimadas a cumprimentar pessoas mais velhas que não querem cumprimentar. Eu, por exemplo, via por vezes isso acontecer-me, o que eu fazia sempre era o seguinte (e isso os meus pais podem atestar): cumprimentava quem eu bem entendia e dava beijinhos a quem eu bem entendia. As crianças não devem ser instrumentos zoológicos que vão dar o beijinho a quem nós indicarmos para parecer bem. Aliás, se as pessoas tivessem apanhado a referência que o professor fez a Michel Foucault, tinham ido pesquisar alguma coisa a respeito deste historiador e sociólogo e reparariam que, aquilo que o professor Cardoso afirmou, há décadas que é escrito em manuais científicos sobre psicologia e pedagogia, como aliás afirma o próprio professor, quando posteriormente fez a sua defesa intelectual, em entrevista ao Diário de Notícias: "Eu diria que a opinião que defendi é ainda mais comum. Qualquer pessoa que vá comprar um livro sobre parentalidade positiva a uma grande superfície vai encontrar indicações sobre não impor as coisas às crianças (...) Porque é que isto chegou aqui? Porque eu usei o exemplo do avô e da avó, e não o fiz por acaso". No fundo, isto é só mais uma indignação geral que, infelizmente, não verifica qual é o núcleo que se pretende atingir no meio deste assunto.

Ainda não me dou por acabado! Falando pessoalmente do Professor Daniel Cardoso, tive hipótese de o conhecer pessoalmente, no ano passado. Sendo aluno numa licenciatura de História, tirei 6 horas do meu tempo livre para assistir a três aulas de Comunicação e Ciências Sociais que ele leccionou na minha faculdade, e devo confessar que foram aulas, do ponto de vista intelectual e pedagógico, bastante úteis, excelentes mesmo, como quase qualquer aluno na FCSH, em Ciências da Comunicação, pode confirmar. Tive conhecimento mais aprofundado, por exemplo, da Tese dos Comportamentos Desviantes, das relações de poder e influência social, ou do trabalho de Max Weber. Considero uma lástima que, em vez de optarem pela discussão de ideias, apresentando contra-argumentos, as pessoas prefiram o enxovalho e o insulto gratuito. É por isso que muitas vezes há muita coisa que nem merece a pena. Tudo bem não concordarem com o professor Cardoso, mas não está nada bem o que se lhe tem feito em praça pública. E, felizmente, não sou o único a afirmá
-lo, pois outras pessoas, alunos e não só, alguns amigos meus, inclusive, vieram também em defesa do estimado professor. E as pessoas nem se quer se apercebem que estão a atacar de forma desrespeitosa um autêntico doutor na sua área. Claramente ainda há muitos tabus.

sábado, 13 de outubro de 2018

Leslie (poema)

Árvore em cima da estrada
O poste não tem luz
Sopro do vento como uma espada
Este é o tempo que ao temporal faz jus.

Prometeram caos, medo, mais caos,
Ventos todos eles muito maus.
Caixas e caixotes no ar,
Folhas, na estrada, a abarrotar,
Gente nas ruas sem lar.
Prometeram nas ruas muito azar,
Gente a fugir e arfar,
A levar com caixotes no ar
Vindos de tendas sem lar.

Li isto nas entrelinhas,
Na televisão onde só há razão –
Dizem os seus grandes arautos –
Interrompendo as planificações minhas
Porque ia levar com a mão do furacão.
Força vinda dos tronos celestes mais altos.
Prometia tudo vindo do nada,
Vendavais aos centos em golpes de espada.
Toda a luz na avenida, apagada

Mas chamaram-lhe Leslie, ao Furacão –
Nome fofinho e bonito esse
Em vez daquele que deveria ser o de um papão.
Nunca seria este um tempo que eu temesse…

Mas respeito imenso a energia do vento
E a impotência humana quando as luzes morrem
Perante a força do veloz Terceiro Elemento.
O sinal está quando os pássaros fogem.



Poema escrito às 22:30h, neste dia 13 de Outubro, escutando e observando o ribombar do Leslie nas janelas do meu 10º andar, em Lisboa. O som do vento é, por vezes, como um amigo...

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Peripécia no choque de gerações

Há uns tempos, deparei-me na rede social facebook com uma enormidade absurda sob forma de uma publicação escrita. A publicação rezava da seguinte forma, dizendo um qualquer neto para o avô. Avô, como é que vocês antigamente, conseguiam viver sem tv, telemóvel e internet, respondendo então o tal avô ao dito neto, Pois meu neto, tal como vocês hoje conseguem viver sem amor, humanidade, união, respeito, estima e confiança. Coisas destas, supostamente, nem mereciam resposta ou importância, mas eu cá estou para dar importância àquilo que é insignificante. Acontece que redes sociais como o facebook estão cheias destas coisas, e a culpa nem se quer é do facebook em si, pois esta rede social é apenas uma plataforma onde as pessoas partilham coisas. A culpa é mesmo de pessoas que habitam, residem no facebook, e que o usam para lançarem aquilo que verdadeiramente pensam, mas este tipo de pessoas só o fazem mesmo no facebook, detrás dum ecrã, porque detrás do teclado qualquer um pode ser um guerreiro. Abordando a publicação em si, ela parte de uma realidade, uma questão por vezes feita de netos a avós em jeito de curiosidade, visto que os netos, como eu, nunca viveram num mundo sem estas comodidades, e lança-se para uma mentira que acaba por eclipsar a verdade. O hipotético avô afirma de boca cheia que os netos, pessoas mais ou menos da minha geração, já não vivem com amor, humanidade, e tudo mais afirmado. E essa segunda afirmação não é uma generalização moderada, ou direccionada a um certo grupo de pessoas, é antes uma gravíssima e desrespeitosa generalização total, o que por si só já é uma falácia. Farpas e generalizações destas não podem ser ignoradas, e digam que, com isto, estou a assinar por baixo no clube dos indignados. Acontece que aqui há muita indignação, e há muita vergonha, e há indignação porque, ao dizerem, Vocês, estão a dizer-me, Tu, e estão a dizê-lo ao meu irmão, e estão a dizê-lo aos meus amigos e conhecidos que pertencem à minha geração, Vocês não conhecem amor ou humanidade. Eu digo, que se danem estas cabeças saloias, que só têm ideias parvas, que colocam uma censura sobre toda uma geração. Não foi na minha geração que houve cem milhões de pessoas vitimadas em duas guerras mundiais num espaço de trinta anos, e não foi na minha geração que o mundo esteve a dois passos de armagedão nuclear. Mas aquilo que verdadeiramente me conforta é saber que os originários deste tipo de publicações não sabem o que é ser avô, porque avô algum diria uma calamidade destas ao seu neto. Eis o que alguns poderão chamar, em tom desdenhoso, de millennial riot.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A Humanidade dos Professores

Durante todo o meu percurso escolar, vários (vários, não foram todos) dos meus professores tendiam a pintar uma imagem algo intransigente e rígida dos docentes que leccionariam no ciclo de ensino seguinte. Estas considerações, que me acompanharam do 1º Ciclo até ao Ensino Secundário, começaram a afigurar-me relativamente exageradas por volta do 3º Ciclo, que foi a altura em que eu consegui reparar que as estórias se repetiam nas bocas do ditos professores, sem nunca se concretizarem. Quero advertir o leitor, caso pense que este texto é uma homilia contra os professores, que não é, sendo antes o seu contrário, e se não estiver a ver onde quero eu chegar, sinta-se livre em prosseguir nas seguintes linhas.

Para ser mais claro quanto às considerações que eu afirmo que esses professores faziam, elas passavam na verdade por momentos muito discretos e insignificantes. Inocentes até, talvez. Nomeadamente - e este exemplo sucedeu essencialmente durante todo o Ciclo, desde o 1º ao 3º -, quando eu e os meus colegas de turma estávamos a escrever algo do quadro para o caderno (se estivéssemos a levar muito tempo naquilo, ou pelo menos mais que aquele que o docente queria), era usual o professor dizer coisas como: "no 2º Ciclo os professores já não vão estar este tempo todo à espera que vocês escrevam" no caso do 1º Ciclo; ou então "no Secundário os professores não vão estar à espera de vocês, avançam com a matéria e pronto" no caso do 3ª Ciclo; ou ainda "na universidade os professores não vão ter condescendência como agora, não vão dar estas abébias, eles dão a matéria que têm a dar e vão-se embora", no caso de um ou outro professor no Ensino Secundário. Houve até professores, com os quais me cruzei nos meus outros tempos de estudante, que me disseram que eu iria encontrar professores universitários loucos, rudes, implacáveis (disseram-me isto dentro de circunstâncias muito específicas, que não interessa especificar agora)... Evidentemente, na generalidade, nenhuma destas preconizações alguma vez se verificou.

Com isto quero dizer que os professores, regra geral, pelo menos nos sítios onde eu estive a formar-me, e no sítio onde eu presentemente me formo, a FCSH, são muito humanos e solidários para com os seus alunos. Na FCSH, imagine-se, os professores ainda se dão a esse amável luxo de deixar o diapositivo mais um ou dois minutos para retenção de mais alguns apontamentos. Na minha faculdade, os professores não perderam a humanidade, não são más pessoas, não se danam para as nossas complicações. Claro que pode haver sempre maus profissionais, mas isso há em todo lado, e ao longo da minha vida também fui leccionado por uns poucos maus professores... E daí? Mesmo no meu presente curso de licenciatura já tive um ou outro péssimo feitio a leccionar, mas são uma minoria, francamente. Não sei o que acontece nas outras faculdades. Na minha os professores continuam a ter um espírito tão humano como tiveram os outros docentes recuando até ao 1º Ciclo.

E este desabafo vem a propósito de quê? Confesso que foi um aspecto repetitivo da minha vida estudantil do qual me lembrei. Olhando retrospectivamente encontrei humor nisto e achei produtivo partilhá-lo, nem que seja até um humilde e tímido testamento à paciência que um professor tem.

domingo, 7 de outubro de 2018

Bolsonaro: Desordem e Retrocesso

A República Federal do Brasil está nas eminências de caos social absoluto. O lema "Ordem e Progresso" que se mantém na bandeira daquela Nação é cada vez mais antagónico ao estado de coisas, no decorrer das eleições presidenciais brasileiras. Antes de me pronunciar sobre o elefante na sala, gostava de referir que o Brasil é um país de génese latina, que fala português - um português diferente, mas português ainda assim - e que por isso mesmo nos é próximo do ponto de vista identitário, sendo também uma das economias emergentes do mundo. O Brasil é uma das potências económicas e demográficas da América Latina, é o 5º maior país do mundo, em área, e um país habitado por mais de 200 milhões de pessoas. 

Tendo isto escrito em água claras, quase escusado será dizer que o desenrolar das eleições presidenciais que se iniciam hoje é um evento de máxima importância, considerando, também, a situação de desordem e retrocesso que marca a sociedade brasileira, e também as manobras até agora bem sucedidas de um perigosíssimo fascista declarado, e é este o elefante na sala a ser abordado.

Tenho estado decepcionado com a moderada (quase frágil) atenção que a comunicação social tem dado a Jair Bolsonaro, comparada com a cobertura que fizeram a Donald Trump, ou a Nigel Farage, aquando do referendo do Brexit. O Bolsonaro, por força casual, ou não, das circunstâncias, tem passado relativamente despercebido por estas praias, situação por si só já perigosa. Um verdadeiro fascista nunca pode passar despercebido, seja onde for, e a comunicação social, mais uma vez, falha no fornecimento de informação às pessoas. Apesar de tudo, há quem insista em falar imenso sobre Bolsonaro, e foi por isso mesmo que me cruzei com um artigo, no Jornal Público, da autoria dum conterrâneo portalegrense (várias vezes já criticado por mim devido às suas posições direitistas), membro do Governo Sombra, chamado João Miguel Tavares. O JMT, como qualquer colunista, tem os seus momentos bons e maus. Aqui acertou em cheio quando escreveu: "A dificuldade que alguma direita tem em admitir esta evidência [de que Bolsonaro é fascista] preocupa-me (...)Bolsonaro parece fascista, cheira a fascista e fala como um fascista. Defende a violência do Estado, a pena de morte e a tortura; maltrata grupos sociais vulneráveis (homossexuais, negros, índios); e tem um discurso de coesão nacional racista e paranóico. Olhar para isto e dizer, com os dedos cruzados, “é só pose”, parece-me uma jogada estupidamente arriscada. Entre um fascista impoluto e um democrata corrupto, eu escolho o democrata corrupto.". Eu sinto-me tão preocupado como o JMT...

Dando um pouco mais de luz sobre o que é Jair Bolsonaro: é um antigo militar guerrilheiro em defesa da Ditadura Militar; é um senador com um vasto historial de comentários sexistas, racistas e homofóbicos; é um indivíduo que afirma que os povos nativos indígenas não merecem um metro de terreno para eles; é um senador que já afirmou que a democracia não serve as soluções do Brasil; que o Senado tem de acabar; que a situação só se resolve com novo golpe militar; e é um indivíduo que pretende enganar o povo brasileiro, dizendo ao povo que a sua agenda de imposição social conservadora e de fronteiras apertadas é compatível com um plano económico liberal. Bolsonaro pretende vender todos os sectores socialmente importantes da sociedade a privados (saúde, educação, transportes). Bolsonaro não quer defender a nação brasileira, quer vendê-la, e deixar os brasileiros entregues à sua sorte! 

Debaixo de um Presidente Bolsonaro, indígenas e negros não encontrarão porto seguro, quer seja em seus locais de residência ou em seus locais de trabalhos, de agressões alheias, porque o fascista Bolsonaro os detesta. Debaixo dum Presidente Bolsonaro - herdeiro duma escola de vastas mentiras e mitos falaciosos,  offsprings da Extrema-Direita - homossexuais, bissexuais, transgéneros, não encontrarão protecção da lei em nenhuma rua brasileira, e o fascista por isso anseia!

Não posso deixar de mencionar a participação de alguns sectores obscuros do Cristianismo Evangélico no apoio a Bolsonaro, mas visto que o fascista está a fazer tudo isto em nome de e por deus, é normal que haja sempre igrejas por detrás dum fascista... é um clássico! Possivelmente, a maior aberração que Jair Bolsonaro já defendeu foi a esterilização da classe baixa para controlar a explosão de natalidade na demografia, e se os elementos das classes sociais baixas se recusassem, teriam de ser forçados! Acreditem em mim, este homem só não é um Estaline ou um Hitler porque não tem capacidade para isso. Em todo caso, em remate deste traçar do perfil do candidato Bolsonaro, o seu aspecto filosófico mais bizarro, que partilha aliás com o seu amigo símio fascista Olavo de Carvalho, é a sua obsessão compulsiva em destruir os ditos esquerdopatas e a "agenda de propaganda do homossexualismo". Estas ideias só poderão vir de fascist crackpots, como diria Christopher Hitchens.

Já vai longo o texto... Está na altura de desferir as últimas punchlines. Os brasileiros, de momento, não fazem ideia que hão-de fazer à vida deles. Com políticos corruptos presos, e um grande fascista a liderar as sondagens, com graves problemas de violência social e pobreza material, a situação é muito confusa. Maior parte dos votantes de Bolsonaro procuram nele segurança social e estabilidade económica, nada mais, o mesmo procuravam os alemães em Hitler ou os italianos em Mussolini, ou até mesmo os portugueses em Salazar, o que eles não sabem é que Bolsonaro nunca lhes dará isso. É impossível acabar com a violência social perpetuando intolerância e mais violência, é impossível adquirir estabilidade económica neoliberalizando o Mercado. A História ensinou-nos isso, mas a única História que Bolsonaro conhece é aquela que vem escrita na Bíblia, ou nos memorandos do Olavo. 

A única forma de dar a volta a esta tragédia democrática é ser Ciro Gomes a avançar numa possível 2ª volta contra Bolsonaro. Fernando Haddad nunca derrotará Bolsonaro numa 2ª volta devido à falta de credibilidade do PT - o próprio seria uma tristeza de presidente, assim como é o seu partido. Mas no meu prognóstico não será isto que acontecerá: Bolsonaro e Haddad avançarão para a 2ª volta, e se até lá o Jair Bolsonaro não cometer nenhum erro crasso perante o seu eleitorado, será Jair Bolsonaro o próximo Presidente da República Federal do Brasil, para felicidade dos ideologicamente cobardes, e tristeza, ou até horror, do Mundo Livre.

Quanto a mim, só há três tipos possíveis de pessoas que votam ou apoiam Bolsonaro: puros fascistas ideológicos; gente ideologicamente ignorante, que não sabe diferenciar a Esquerda da Direita; ou gente com graves problemas de ódio... não acrescento nem tiro uma vírgula! E quem adorar Bolsonaro, quem tiver a mínima simpatia pessoal e/ou política por Bolsonaro, tem de me odiar a mim, não tem outro remédio... Porque eu, como muitas outras pessoas, represento muito daquilo que fascistas do calibre de Bolsonaro repudiam: sou um socialista (um esquerdopata na língua fascista), um ser humano bissexual (se preferirem, promotor da agenda de propaganda homossexualista, como só o Olavo de Carvalho diria asquerosamente), um antiteísta (o anticristo basicamente, para tipos como Bolsonaro), e não gosto nada do autoritarismo desmedido e gratuito... um alvo a abater para a máquina bolsonarista.

Numa nota final muito séria, esta é uma situação muito grave que me está a deixar genuinamente preocupado, mas a bola está do lado dos brasileiros. Será o momento da verdade para ver, afinal, para o povo brasileiro, o significado do lema "Ordem e Progresso". 

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O 5 de Outubro

Neste dia, a maior parte das pessoas deste país levanta-se como noutro dia qualquer - possivelmente um pouco mais bem dispostas, dado o facto de hoje ser um feriado nacional - e tenta desfrutar, ao máximo, do descanso simpático de fim-de-semana prolongado que este feriado proporciona. Deste luxo o cidadão europeu pode gozar (o de um feriado ou de um fim-de-semana) graças aos avanços no domínio dos direitos laborais, conseguidos pelas frentes políticas combatentes ao longo de décadas, não sendo o cidadão mais um farrapo nas mãos da indústria, como sucedia no Século XIX, sendo hoje algo um pouco melhor que um farrapo, mas não bom o suficiente, ainda assim. E irónico é estar eu a escrever sobre conquistas no mundo do trabalho, estando precisamente neste momento toda uma classe profissional em luta, na capital Lisboa, reivindicando o vencimento em falta, de 9 anos e mais alguns dias de trabalho, que o presente Governo Constitucional da República Portuguesa, por enquanto, ainda não se encontra preparado para devolver. Mas sobre a importância incontornável e basilar, para uma civilização, da classe dos professores noutra hora, agora sobre este feriado...

O dia 5 de Outubro é, na minha portuguesa opinião, de longe, a mais importante e quase sagrada data da História desta quase milenar nação. Deveria ser o 5 de Outubro e não o 10 de Junho o Dia da Nação. É aquele dia em que, caso não houvesse pessoas idiotas e historicamente amputadas, nunca geraria discussão sobre a sua celebração. Por um lado, celebramos a revolucionária implantação da República, que é a nossa garantia, juntamente com a Constituição de 1976, de que vivemos naquele que é, possivelmente, um dos países mais democrático do mundo. República é também a nossa garantia de que o Chefe de Estado português é eleito num sufrágio universal directo. Se este país não fosse uma República, se fosse uma Monarquia, seria Chefe de Estado um aristocrata qualquer que tudo o que tem é uma linhagem que recua séculos (por vezes nem isso), linhagem essa, e feitos históricos protagonizados por essa linhagem, com a qual o aristocrata no trono nunca teve objectivamente nada a ver, e aristocrata no trono esse que legaria a Chefia da Nação ao seu descendente mais velho, indo assim sucessivamente, como se a Nação Portuguesa fosse uma corporação económica qualquer na qual a direcção da corporação era passada de pai em filho, sempre dentro da mesma família. Mas reconfortemo-nos, portugueses, que numa República como a nossa, tal ataque aos valores democráticos não pode acontecer. 

Numa nota curta (que talvez não será assim tão curta), com o devido respeito àqueles que procuram um Reino, nunca percebi qual o objectivo dum adulto, com mais de 18 anos, ter tamanha e fabulosa adoração por um conjunto de monarcas da História Moderna, que tudo o que fizeram foi arruinar o próprio regime que governavam. Eu ficaria muito feliz se todos os poucos monárquicos portugueses compreendessem que não tem qualquer sentido a adoração que têm por Carlos I ou o seu filho Manuel II. Se os nossos últimos Chefes de Estado, em tempos reais, não fossem tão medíocres e impopulares, a monarquia nunca tinha caído, pelo menos tão cedo. Olhando para nações como a Inglaterra, a Holanda, a Bélgica, a Suécia, ou o Japão - não falo dos Estados Unidos de Castela (é o nome que eu dou ao país vizinho a que chamam Espanha) porque, na minha convicção, o monarca Filipe VI tem os dias contados - observamos que estas são monarquias estáveis porque os seus sucessivos monarcas tiveram a inteligência de preservar e modernizar o regime. O mesmo, felizmente, não aconteceu em Portugal.

Todavia, por outro lado, o 5 de Outubro não é somente sobre a República, daí a universalidade lusitana da sua celebração. O 5 de Outubro celebra também o aniversário histórico da Nação Portuguesa, pois foi no dia 5 de Outubro de 1143 (fazendo a conversão para o Calendário Gregoriano, e que os republicanos revolucionários de 1910 terão tido em conta) que o Rei Fundador Afonso Henriques nos garantiu porto seguro neste canto, no extremo ocidental da Península Ibérica e da Europa. E hoje, não a República Portuguesa (essa comemora uns já experientes 108 anos), mas sim Portugal celebra 875 anos, e tudo o que tenho pena é de já não estar cá, dentro de 125 anos, quando a Nação celebrar o seu primeiro milénio... se celebrar, obviamente. Bem, muitos parabéns a um dos Estados mais antigos do mundo, e aquele que é, em pleno Século XXI, um dos estados mais democráticos do Globo Mundo.

Portanto, é com a celebração desta mega efeméride, deste aniversário duplo, que me despeço do meu leitor, que certamente será português, e que terá um igual amor por este território a que chamam Portugal. Igual amor à República é que já é mais difícil, sendo eu um republicano ferrenho, para não esquecer que conheço uns quantos monárquicos que não ficarão, certamente, totalmente satisfeitos com este texto. É terminando este texto, enquanto ouço música consideravelmente atípica ao tema presentemente discutido, desde Supertramp e Jeff Buckley, até The Smiths e The Doors, que desejo um feliz 5 de Outubro a todos, e desculpem lá as farpas atiradas à Monarquia. Como republicano tenho de defender o vermelho, verde e esfera armilar, (ia também mencionar o hino, mas desisti porque assim tinha de mencionar, também, o Escudo, mas já não há Escudo, foi-nos roubado)... mas se não quiserem desculpar as farpas, não desculpem.

Menções honrosas a alguns dos portugueses históricos que mais admiro: Rei Afonso I, Rei Dinis I, Rei João II, Rei Pedro V, O Marquês de Pombal, José Relvas, Teófilo Braga, Luís de Camões, Fernando Pessoa, Miguel Torga, José Régio, José Saramago, Álvaro Cunhal