terça-feira, 23 de novembro de 2021

Noite de Outono (Poema)

Quando o frio de uma noite de Outono
Desceu sobre a minha pele desnorteada
Fui encantado num apolíneo sono
Que fez quente a mais gélida geada.

Quando a treva de uma noite banal
Desceu sobre a minha estoica retina
Fui melodiado por uma evocação principal
Que me embalou numa hedonística sina.

Quando os elixires de uma noite boémia
Subiram ao meu cérebro extasiado
Fui convidado a uma sonolência ébria
Que me hibernou num templo fantasiado.

Certamente, neste sono terei adormecido
E de acordar ter-me-ei esquecido.

Angelical Príncipe, meu princípio e fim
Sol e Lua que voaste sobre mim.
Acendeste os faróis da existência
Ateaste no templo a erótica chama
A uma sombra deste luminosa essência
Tornaste poético o prosáico drama.

Eterna música pulsando na atmosfera
Magia vibrando em toda a matéria
Cessou finalmente a longa espera
É amor que viaja na nossa artéria.
Estranho ter aquilo que sempre quis
Estranho mundo este em que sou feliz.

Quando o frio de uma noite de Outono
Tomou os sentimentos do meu ser
Julguei ter caído num profundo sono
Não sabendo que haveria de renascer.

Num sono não me despenhei
Simplesmente, com a luz do meu Príncipe, acordei.


Para o Filipe, neste dia em que comemoramos o nosso primeiro aniversário.


Escrito entre 26 de Brumário e 2 de Frimário CCXXX